Psicoterapia Individual

Quando alguém nos procura é porque está em sofrimento. Quando a dor se torna insuportável, ele junta forças e busca ajuda, vencendo parte de suas resistências de entrar neste processo do qual ele, muitas vezes, tem medo, vergonha, preconceito e mesmo descrença.

A verdade é que o paciente enfrenta muita resistência interna antes de chegar ao consultório de um psicoterapeuta e começar a falar de si e sobre o que lhe faz sofrer. A situação se complica porque, além disso, ele quer se livrar rapidamente do mal que o aflige e tem dificuldade de compreender que há forças internas inconscientes que o movem na direção de sua própria dor. E por que ele faria isso? Mover-se em direção à própria dor? Repeti-la inúmeras vezes? São questões complexas colocadas no centro do tratamento psicoterápico.

Nosso trabalho, sustentado na teoria psicanalítica, é escutar o discurso do paciente que está sofrendo para que ele descubra as causas e implicações inconscientes que estão dirigindo sua vida. É indagar o sentido da inquietação que o habita e o que o levou ao adoecimento. É oferecer um espaço para que sua dor psíquica e seu sentimento de desamparo sejam acolhidos e acalmados. É durante a fala na relação terapêutica, escutando-se e sendo verdadeiramente escutado, que o paciente começa a descobrir que repete situações traumáticas vividas anteriormente e que lhe causaram dor.

Normalmente, estas experiências estão localizadas nos primeiros anos de vida, nas falhas ambientais precoces, principalmente na relação com as figuras parentais. Os sintomas trazidos pelo paciente remontam ao seu infantil. São disfarces de conflitos e recordações dolorosas que foram afastados da consciência com o objetivo de evitar mais sofrimento. O sintoma é a expressão desta dor.

Cabe ao psicoterapeuta acompanhar o paciente neste processo de entendimento do sintoma como representante de uma dor histórica, recalcada e que aparece em sua vida atual e no aqui-e-agora da relação terapêutica através da transferência (deslocamento de afetos ambivalentes referentes às figuras parentais para a figura do terapeuta). Ao psicoterapeuta cabe também oferecer um ambiente de acolhimento e ancoragem que favoreça o paciente a expor e reviver, no setting clínico, as situações emocionais dolorosas do passado.

Atualizando na relação terapêutica os acontecimentos penosos ocorridos em sua infância, agora sob novo contorno e suporte dados pela figura do terapeuta, o paciente começa a vivenciar uma mudança psíquica. Aos poucos, no decorrer do processo psicoterápico, percebemos o paciente mais capaz de integrar as experiências vividas na sua trama histórico-existencial, ganhar força para atravessar as emoções penosas e atribuir novo significado aos acontecimentos através da transformação de sua percepção sobre si mesmo.